
“Em sua Divina Comédia Humana, ele canta um amor fruto de um encontro casual. Um amigo psicanalista, contudo, o avisa: desse jeito não é possível ser feliz porque o amor é uma coisa mais profunda que uma transa sensual. Belchior não se importa. Deixa a profundidade de lado. É na pele dela, no seu céu e no seu inferno que quer habitar. Ela canta a efemeridade da existência. Ele tem pressa, tem urgência e qualquer espaço, corpo, tempo ou forma de dizer não é um motivo pelo qual existe. Sua negação ao conselho do amigo psicanalista evoca e defende o amor como uma perdição necessária.[3] Um amor de perdição, que dá nome a uma de suas canções.[4] Como em Dante – “amor nos conduziu a uma só morte” – Belchior canta o amor que não pode ser menor do que uma experiência de morte e descida aos infernos. Amor é obra de arte.”